

Frederico Lopes Neto

A História da humanidade, segundo grande parte dos estudiosos do desenvolvimento dos seres humanos, sempre foi permeada por dificuldades de obtenção de alimentos em quantidade, qualidade e variedade necessárias e, por motivos complexos e diversos, a fome sempre esteve rondando as gens, tribos, sociedades primitivas, sociedades de classes, até os dias atuais.
A necessidade de significativa parcela do povo por Segurança Alimentar e Nutricional se impõe como dura realidade a demandar luta social de extrema radicalidade para a classe proletária, dos(as) trabalhadores(as), explorada pela classe burguesa dominante, atualmente a dos capitalistas, em sua fase imperialista, financeira e parasitária.
Por volta do ano de 1800, quando o mundo era habitado por aproximadamente 1 bilhão de pessoas (hoje a população mundial é cerca de 8 vezes maior!), Malthus publicou o ensaio no qual expôs suas preocupações e indicou possíveis ações para atenuar a pobreza e a fome do povo:
”MALTHUS (Thomas Robert), economista e religioso inglês (Dorking, Surrey, 1766 – Claverton, Bath, 1834), célebre por seu Ensaio sobre o princípio da população (1798), no qual afirma que a produção de alimentos só cresce em progressão aritmética, enquanto a população tem tendência de aumentar em progressão geométrica. A consequência inevitável dessa desproporção é a pobreza crescente e a fome permanente. Quando essa situação chega a extremos, a própria natureza intervém, por meio de pestes, epidemias e guerras. A única forma de evitar essas catástrofes seria negar toda e qualquer assistência às populações pobres e aconselhá-las a se absterem sexualmente, para diminuir a natalidade. Essa tese foi contestada por ignorar a estrutura social da economia e as possibilidades criadas pela tecnologia agrícola.”5
O Ensaio de Malthus gerou polêmica e, sob a óptica do materialismo histórico, ROSENTAL, M e IUDIN, P registram no verbete MALTHUSIANISMO6:
“Teoria anticientífica e reacionária formulada por Malthus (1766-l834), sacerdote e economista burguês inglês, adversário dos trabalhadores. […] E (Malthus) declara que essa divergência entre a população e a quantidade dos meios de subsistência, é uma lei natural e eterna, cujos efeitos somente poderiam ser atenuados mediante a supressão da população ‘excedente’, isto é, condenando os trabalhadores ao celibato e à fome. A crer nos partidários dessa doutrina, não são os capitalistas, não são os exploradores, mas sim os próprios trabalhadores quem, em razão de seu número excessivo, devem aceitar a responsabilidade por suas desgraças, pela miséria e a fome. ‘As conclusões científicas de Malthus estão cheias de solicitude pelas classes dirigentes em geral e pelos elementos reacionários dessas classes dirigentes em particular. Malthus falseia a ciência a fim de servir esses interesses. Pois bem, tais interesses desprezam por completo os da classe trabalhadora’ (Marx, Obras).
Marx mostra que a superpopulação não é de forma alguma uma lei imutável e eterna da natureza e sim apenas uma lei histórica do modo capitalista de produção. […] Pois bem, a verdadeira causa da miséria das massas trabalhadoras nos países capitalistas, a causa do desemprego, das crises econômicas, das guerras, etc. é o capitalismo, que entrava o progresso da sociedade. A lei da população é uma lei social e não uma lei da natureza, …porque na realidade todo regime histórico concreto de produção tem suas leis de povoamento próprias, leis que regem de forma historicamente concreta. (Marx, O Capital)’…”

Frederico Lopes Neto, o Fred, mora em São Vicente, é geógrafo, professor e autor destes Apontamentos sobre a população mundial. Esta é a Parte I, publicada em 2.1.2021. Veja a Parte II.
Fontes:
- IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Estatísticas do Século XX, Rio de Janeiro, 2003, pp. 32 e 33
- DSW, Fundação Alemã para a População Mundial
- ONU, Organização das Nações Unidas – estimativas
- Atlas National Geografic, A Terra em Números, Editora Abril, São Paulo, 2008, vol. 19, pp 78 e 79
- Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Abril Cultural, PLURAL Editora e Gráfica, 1998, São Paulo, p. 1761
- Pequeno Dicionário Filosófico, pp. 347 e 348
5 comentários em “Pobreza, miséria, fome”