
Não bastasse denegrir o bom nome do Brasil mundo afora, o senhor Ernesto Araújo serviu-se do palanque de formatura do Instituto Rio Branco para desferir ataques em solo pátrio à diplomacia brasileira, internacionalmente reconhecida pela sua excelência no cumprimento da missão constitucional de paz e integração do povos.
Além de ofender o patrono da turma, o chanceler teve sua oração classificada como “escatológica” por Carlos Lopes, diretor da Hora do Povo. Quem comenta é o veterano Embaixador Adhemar Bahadian, também ele um escultor do idioma nacional, em memória de San Thiago Dantas.
Empina-se no palco o Chanceler. E as palavras dele são como pedras mal-educadas, rudes e tingidas de ódio a um delirante passado da bela instituição em que ingressa sua neta. A diplomacia brasileira a partir dos anos 50 e 60 (anos da ditadura?) é chicoteada como em navio negreiro. Nossos diplomatas vivos e mortos são pintados de um vermelho de sangue, de traidores da Pátria, de interessados em implantar no Brasil uma ditadura do proletariado. E a associação entre Elite argentária e esquerdas totalitárias teria mergulhado o país na corrupção e no descalabro.
E o patrono, João Cabral de Melo Neto, diplomata escolhido pelos formandos para homenagear o centenário do nascimento do poeta e escultor da língua materna, é reduzido a pérfido comunista. Sem nenhum respeito a supostos fatos ocorridos quando o Chanceler fazia nas fraldas o que hoje esfrega diante de famílias reunidas para um dia de júbilo com seus filhos e netos. Um outro poeta, a ele diria: “vai ser gauche na vida”.
Leia a íntegra da diplomática peça de Bahadian e a apresentação de Lopes em Baixeza e sordidez do bolsonarismo no Itamaraty.
Adhemar Bahadian é diplomata aposentado e autor, entre outros, de A Tentativa do Controle do Poder Econômico nas Nações Unidas
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