
O alpinista equatoriano Ivan Vallejos nos conta uma história que vale para os dias de hoje e para toda a vida.

“Em maio de 1999, na primeira escalada no Everest, um colega alpinista, Pascal, da Bélgica, chegou ao topo da montanha mas, lamentavelmente, morreu na descida. Em maio de 2002, meu companheiro de expedição, Chris Grasswick, chegou ao cume do Kangchenjunga e também morreu na descida. Em maio de 2013, meu colega Juango, chegou ao cume do Aguirre e morreu na descida. Essas fatalidades integram as estatísticas dos que morrem no cume ou que morrem na descida.
Como é sabido, chegar ao topo de uma montanha de mais alta do mundo sem oxigênio suplementar é um exercício que demanda grande esforço físico e mental. E quando chegamos ao cume, é um momento de celebração mas, em seguida, queremos descer rapidamente e escapar da “Zona Mortal”, que é o espaço acima de 8 mil metros de altitude.
Todos sabem também que, tão exigente quanto a escalada, ou talvez ainda mais, é a descida. Por quê? Porque estamos cansados e esgotados.
E agora vem a analogia:
Depois de cem dias(1) de confinamento, com o esforço e colaboração de todos, chegamos ao pico da curva da epidemia e agora vem a descida. As pessoas da linha de frente – profissionais de saúde, segurança e serviços -, com justa razão, estão exaustas. E nós, os cidadãos comuns, também estamos esgotados e certamente também fartos do confinamento e assustados com a economia quase destroçada.
E então queremos urgentemente escapar e sair da nossa própria zona mortal.
Queridos amigos, não percamos a concentração e os cuidados na descida. Que não nos vença a pressa e o cansaço e em um segundo percamos o que ganhamos com tanto esforço. Que cheguemos aos acampamento-base sem perder um único membro a mais sequer da nossa expedição.”
(1) oitenta dias no original
*baseado em vídeo circulante nas redes sociais, com tradução própria do original em castelhano.
Valeu, Iso!
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