Voltam à imprensa comentários sobre o sonho de Bolsonaro de deixar o Brasil parecido com “42, 52 anos atrás”, dois anos depois da promessa eleitoral famosa.
Ao Presidente da República correspondia o tempo da puberdade, antes ainda de seus atos de terrorismo de baixa potência e da sua quase inócua carreira parlamentar, em que, mês sim, mês não, ele apresentava um projeto de lei – de 170 iniciativas em 27 anos, só duas foram aprovadas pelo Congresso Nacional.
João Saldanha havia montado o escrete canarinho que viria ser campeão do mundo no México, mas é quase certo que era a militância comunista do técnico de futebol que incomodava o futuro “capitão de poucas letras” aos treze anos. Se em 1968 o Homem ainda não havia dado o grande passo pela Humanidade, a forma azul do planeta já era conhecida de todos desde os tempos de berço de Jair Messias, que fixou-se em crença medieval de que o mundo tinha fim.
Mas os recém-refeitos laços messiânicos com a vara de marmelo, que talvez lhe tenha faltado, não se resumem, infelizmente, aos contos de fadas do qual ele parece não se desprender. É preciso voltar encarnações para buscar a origem do seu devaneio de realeza, onde a nobre família – pelo menos a ala masculina dela -, cercada de uma milícia fiel, domina o reino encantado do Brasil sem esses chatos contraditórios dos Poderes da República.

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