Quem já tinha conta-salário no século passado certamente lembra que era possível depositar um dinheiro em Porto Alegre em um conta corrente em Fortaleza e, no momento seguinte, o titular sacar o valor em um terminal de autoatendimento na Capital Federal.
Nos EUA, por exemplo, não funcionava assim. A disponibilidade de fundos dependia exclusivamente da compensação de cheques, inclusive em um mesmo banco com agências espalhadas pelo país.
A tecnologia bancária brasileira. desenvolvida sob reserva de mercado, permitia algo que é tão comum entre nós como pagar a conta de luz ou de água em qualquer agência bancária, inclusive com débito automático em conta corrente. Lá fora, era preciso emitir um cheque, entregar à Companhia de Água ou de Luz que, por sua vez, depositava no banco em que tivesse conta.
A vanguarda brasileira na área bancária não se limita à aplicação da moderna técnica ao serviço, e aqui não vamos falar dos juros e tarifas mais altos do planeta nem da família da jovem criptógrafa da área privada.
A regulação estatal sempre foi mais conservadora na defesa da poupança popular: enquanto a alavancagem pelo mundo era tolerada em 12 vezes – exceto os EUA, em que certos Brothers quebraram arriscando 72 dólares de terceiros para cada um seu – o Brasil já limitava a 8,5; os riscos de um banco ficar sem dinheiro para compensar um cheque de um cliente seu foram também pioneiramente mitigados no Brasil com um moderno Sistema de Pagamentos que não espera anoitecer para ver se os credores vão receber o dinheiro.
O avanço do serviço público não parou: o que era online está virando instantâneo, superando o intervalo de alguns minutos para consultas entre as contas dos envolvidos em uma transferência de valor.

O excelente trabalho do servidor público causou espécie para alguns comentaristas pouco atentos à realidade: “o PIX é tão bom que nem parece obra do Estado brasileiro”.
Descolonizar a mente e melhorar a autoestima faz bem à saúde e ao país. Quem outrora pela primeira vez levantou voo com o “mais pesado do que o ar” pode muito mais do que acham os sanguessugas do Brasil.
Mas, para isso, é preciso retomar o Estado e atrair ao serviço público, mediante concurso, os mais generosos e competentes brasileiros dispostos a fazer deste imenso país uma grande Nação.