
A imensa generosidade dos servidores públicos na Cidade de São Paulo, em socorro aos afligidos pela maior enchente em décadas, talvez seja capaz de perdoar o senhor Paulo Guedes por suas lamentáveis palavras.
O que não se pode desculpar a um Ministro de Estado é a assediosa referência a seus subordinados provados em concurso público, comparando-os com parasitas que viveriam dos cofres estatais hospedeiros.
Não apenas em defesa da honra de milhões de brasileiros que dedicam seus dias de trabalho a fazer chegar à sociedade os serviços públicos fixados desde a Lei Maior do país, mas da própria sociedade que faz jus em receber cada um deles – a proteção à vida, ao trabalho e à propriedade -, os servidores públicos da União representaram contra o Ministro da Economia junto ao Comitê de Ética da Presidência da República.
Guedes foi além, revelando algo que de início passou desapercebido: ocultou parte da verdade quando reduziu seu diagnóstico a “o hospedeiro está morrendo”.

O que o Ministro não revelou foi o nome da doença que julga terminal da coisa pública: há um muito pequeno grupo de aproveitadores que esgotam os resultados do trabalho de toda uma Nação para recompor suas próprias margens de lucro e concentrar cada vez mais riquezas em seu nome, colocando em risco não só o Estado como a própria existência da sociedade brasileira.
Esses parasitas dificilmente encontrariam alguém mais permissivo que o atual presidente do Brasil e um operador mais comprometido que aquele que foi escalado à Esplanada dos Ministérios. Dos fundos previdenciários aos salários, da assistência social à saúde e educação, tudo virou sangue para saciar contratos cada vez mais sem pé na realidade e no direito social.
Aos que julgam os servidores públicos no Brasil privilegiados, dou-lhes razão. Mas só nos temos do artigo que publicamos a respeito.