Elder Vieira, 7 de Julho de 2022
Amar e não saber-se enfim amado
– eis o que consome e entristece.
E o coração que d’uma dor assim padece
não pode estar seguro e sossegado.
Não se trata de querer-se apaziguado,
ou sem fome que de alimento até esquece:
É ter um bem que de ausência não se tece,
nem de tormento por toda a via assim tomado.
A quem vive o desamor não apetece
voltar a ver ternos caminhos passeados
onde morrem por inanes seus cuidados.
Antes pede que o esqueçam assim em prece
aos termos da saudade que fenece
feito flor de um jardim abandonado.