Carlos Lopes
Carlos Lopes procura responder à seguinte questão: “o modernismo de 1922 foi um precursor da Revolução Brasileira ou representava uma ideologia antagônica a ela?”
Para estes tempos em que novas importações linguísticas parecem atentar contra a identidade nacional do povo brasileiro, há setenta anos já notava Graciliano Ramos: “ninguém por estas bandas, que me conste, usou na linguagem falada preposições em fim de período. Essa construção inglesa não nos dará nenhum Swift.”
Dez anos antes o próprio Mário de Andrade, participante da Semana, concluía: “eu creio que os modernistas da Semana de Arte Moderna não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.”
O autor demonstra seu acordo, acrescentando que o antagonismo ao ser nacional se deu com outros dois eventos do mesmo ano do modernismo paulista, alinhados com a construção da Nação brasileira: a revolta dos 18 do Forte e a fundação do partido comunista no Brasil.
Para Fábio Palácio e Adalberto Monteiro
Existe uma sintomática inconsciência na Semana de Arte Moderna de 1922: o Brasil, como nação concreta – como nação que luta para se constituir enquanto tal – parece não existir, ou existir de forma muito tênue, para aqueles artistas e intelectuais que se reuniram em fevereiro daquele ano, no Teatro Municipal da capital paulista.
Uma nação é, antes de tudo, seu povo. Se comparados a Euclides (Os Sertões, de 1902); ou a Simões Lopes Neto (Contos Gauchescos, de 1912); ou a Monteiro Lobato (Urupês, de 1918, Cidades Mortas, de 1919, Negrinha, de 1920); ou Lima Barreto (Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de 1909, Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, de 1919), os participantes da Semana pareciam (e parecerão) habitantes de outro planeta – isto é, de outro país – tal o desligamento em relação à realidade nacional, ou seja, ao povo…
Ver o post original 10.176 mais palavras