A Fundação FHC realizou interessante debate com foco em comódites e logística no Brasil. Registradas as considerações sobre as mercadorias, vem agora o que foi debatido sobre a sua movimentação entre os pontos de produção e de consumo.
Segundo a Wikipédia e a Mais Polímeros:
- Commodity ou, em português, comódite, corresponde a produtos de qualidade e características uniformes, que não são diferenciados de acordo com quem os produziu ou de sua origem, sendo seu preço uniformemente determinado pela oferta e procura internacional; e
- Logística compreende o conjunto de métodos e meios destinados a fazer o que for preciso para entregar os produtos certos, no local adequado, no tempo combinado.
Logística no Brasil
O engenheiro Frederico Bussinger tem larga experiência em movimentação de pessoas e cargas. Foi Secretário dos Transportes em São Paulo e diretor do Metrô, entre outras atividades na área. Da sua palavra, destaca-se “planejamento” para o processo logístico nacional.
Segundo Fred, como é conhecido, há demanda por comódites, cujo ciclo corrente não é o primeiro e permeia toda a história do Brasil, desde os tempos de colônia açucareira e mineira. O país dispõe de oferta, há bom tempo de petróleo a minérios e, mais recentemente, de soja e milho, cuja produção pode ainda aumentar entre 40 e 60 milhões de toneladas/ano no Centro-Oeste, sem qualquer desmatamento.
Entre a oferta e a demanda, está a logística.
Bussinger explicou que a logística encontra seus caminhos, mas a ausência de planejamento estatal, integrando todas as esferas da Administração pública e todas as modalidades de movimentação, faz o Brasil perder oportunidades de melhorar sua posição internacional no ramo.

Posição que não é boa: entre 150/160 países avaliados, de acordo com institutos especializados, o Brasil situa-se entre a 52ª e 56ª posição, ocupando acima da centésima em 190, quando o tema é o comércio internacional.
Uma linha ligando Cuiabá, Brasília e Ilhéus, próxima ao paralelo 16, tem destacada importância logística vez que, ao norte, a produção triplicou e a exportação avançou ainda mais aceleradamente. A saída, da mesma forma que o minério escoa por Tubarão, ES, é por Alcântara, no Maranhão.
Júlio Fontana, presidente da Rumo, acrescentou: mais do que a ampliação da malha distribuidora e dos terminais intermodais, é preciso aumentar-lhes a eficiência aos padrões internacionais.
Muito já se fez, reduzindo o tempo de trajeto por ferrovia do Mato Grosso a Santos de 120 para 80 horas e a permanência do vagão no porto de 48 para 12 horas, mas a tecnologia permite reduzir muito mais, em busca de competitividade, algo como 5 horas de movimentação portuária.
Fontana também comentou sobre a armazenagem de grãos. Nos latifúndios houveram investimentos dos proprietários nesse sentido, mas na ponta portuária a situação demanda melhora. O especialista entende que cabe ao governo orientar o investimento privado no setor, vez que os riscos são elevados e podem ser mitigados pela ação do Estado.
Bussinger lembrou Roosevelt – planos não ganham guerras, planejamento sim – para concluir que é preciso pensar em logística, não apenas modalmente, é preciso uma regulação logística à qual o Estado não pode se furtar em conduzir.

Série em quatro capítulos:
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