A história do sanitarismo brasileiro passa pela Ilha Encantada de muitas maneiras. Em terra drenada pelos canais de Guilherme de Brito, marco original da engenharia sanitária no país, o médico sanitarista David Capistrano Filho também deixou a sua marca para história.
Cristiane Albuquerque, da Fiocruz, resumiu a sua história:
Uma vida em defesa da justiça e equidade para a saúde pública no Brasil
“Líder estudantil, médico, jornalista, autor e editor de livros, articulador político, conferencista, mas sobretudo, um sanitarista, David Capistrano Filho (1948-2000) colaborou para a elaboração do texto que deu origem ao capítulo sobre o SUS na Constituição de 1988, além de ter sido mentor e articulador da criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), da Revista Saúde em Debate e da Coleção Saúde em Debate.
Atuante no campo político, David Capistrano fez parte do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do Partido Comunista Brasileiro (PCB), e Partido dos Trabalhadores (PT), sendo eleito para a direção estadual paulista e para o diretório nacional. Foi secretário de Saúde de Bauru, onde zerou a incidência de cárie em crianças menores de cinco anos e, em Santos, além de secretário, também atuou como prefeito entre 1993 e 1996, colocando em prática uma experiência no campo da Saúde Mental inédita no país: uma rede integrada de instituições, da qual os Núcleos de Apoio Psicossocial (NAPS) eram os eixos principais.
Voltou a trabalhar como médico sanitarista e desenvolveu com o médico Adib Jatene em 1994 o Programa Qualis/Saúde da Família, que reordenou o sistema de atenção à saúde no município de São Paulo. Foi responsável pela idealização e implementação dos programas Médico de Família e de Agentes de Saúde, abrindo caminho para uma nova ótica na saúde pública brasileira.”
Quando da generosa doação do acervo do ex-prefeito de Santos ao centro de memórias em Manguinhos, sobreveio a emoção de sua filha Adélia Benetti de Paula Capistrano:
Para mim, falar de David Capistrano da Costa Filho, meu pai, é lembrar de um poster em minha casa que dizia: felicidade é viver em comunidade! É falar de redes de pessoas que conversam, se reúnem, que não aceitam passivamente a manutenção da violência das instituíções públicas sobre o seu povo.
Quando se vão vinte anos que David completou a sua vida, lembrar da sua reforma sanitária faz tremer a todos. À maioria, de esperança. Aos que negam a ciência e recusam o amor ao próximo, de medo.
Saiba mais na cobertura completa do 2º Fórum Fiocruz de Memória.
Acabo de ler o que você publicou sobre o David. Ainda estou aqui emocionado. Tanto pela beleza de síntese da Professora Cristiane Albuquerque quanto por sua delicada apresentação. Por 30 anos fomos AMIGOS DO PEITO e hoje faço parte de uma ” Equipe Inicial” que decidiu produzir um livro ( e talvez um documentário) sobre o JOVEM DAVID ( da meninice em Recife até que se formou em Medicina na UFRJ ). Seria possível estabelecer contato direto consigo ? Atenciosamente, Sérgio Gomes
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