Desta vez o professor Fernando Nogueira traz uma reflexão interessante sobre a autoridade monetária. A economia pode ser reativa pelo aumento do consumo das famílias. Contra isso pesa a prudência em gastar já o pouco dinheiro do auxílio emergencial ou as reservas pessoais, cuja rentabilidade foi até negativa em certo período. O argumento favorável repousa sobre a expectativa futura de aumento generalizado dos preços, a famosa inflação.
No Brasil, diferentemente dos EUA, por exemplo, a missão do BC resume-se, na seara monetária, a manter o valor da moeda dentro de metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, sem obrigações legais com o crescimento econômico.
Assim, a chamada à “irresponsabilidade” da autoridade monetária fica mais difícil de ser atendida.Mas a tese desenvolvida pelo economista merece a atenção de todos.
Atif Mian e Amir Sufi dizem, no livro “House of debt: how they (and you) caused the Great Recession, and how we can prevent it from happening again” (Chicago; The University of Chicago Press; 2014): quando os banqueiros centrais expandem as reservas bancárias, em uma recessão com perdas alavancadas, não há aumento nos empréstimos quando ocorre uma grave e longa queda econômica.
Mas, eventualmente, a economia pode se recuperar e, se o Banco Central mantiver as taxas de juros muito baixas, os bancos retomarão os empréstimos e isso provocará inflação. Alguns argumentam, se o público em geral esperar inflação no longo prazo, a economia pode se beneficiar mesmo no curto prazo.
De acordo com essa visão, as expectativas de inflação podem gerar um aumento nos gastos, mesmo quando a economia está acima do limite inferior zero. No capítulo 4 do citado livro, Atif Mian e Amir…
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