Por Aluizio Palmar, nas redes sociais
Em 1967, num sábado de carnaval, como hoje, a Dissidência Comunista do Estado do Rio de Janeiro, que deu origem ao MR8, realizou um baile de carnaval com o intuito de angariar finanças para montar uma gráfica e nela rodar panfletos e um jornal.
A atividade foi intitulada “Baile do Esqueleto”, numa referência à construção do prédio da UFF, que durante anos permanecia apenas com colunas e lajes.
A União Fluminense de Estudantes, deu cobertura e o baile foi realizado no Sindicato dos Operários da Construção Naval, de Niterói.
Salão lotado, sucesso total. Tudo transcorria normal até que, de repente, soldados da PM e agentes do DOPS baixaram no Sindicato e prenderam os carnavalescos.
A causa da invasão foi a cantoria da paródia da marcha rancho Máscara Negra, de Zé Kéti, sucesso daquele carnaval.
Acompanhando a banda, a estudantada cantou a plenos pulmões:
“Quantos tiras!
Oh! Quantos gorilas!
Mais de mil milicos em ação.
Estudantes apanhando
pelas ruas da cidade,
gritando por liberdade.”
No meio de toda a confusão de camburões e estudantes presos, o Nielse Fernandes, da direção da DI/RJ, que estava na portaria passou a arrecadação para o Milton Gaia Leite que me entregou. Eu o aguardava de terno e gravata, debaixo da marquise do Cine Central, de Niterói. Naquele época, para entrar no Cine Central , era obrigatório usar terno e gravata. Peguei a sacola com a grana e dei no pé. Foi parar no dia seguinte na cidade de Campos, onde a base local do PCB já havia conseguido uma impressora. Transportamos a impressora e a depositamos em São Gonçalo.
Passado algum tempo, a Dissidência, mudou sua forma de luta e partiu pras ações armadas no Rio e começou o trabalho de campo no Oeste do Paraná.
A gente desistiu dos panfletos e jornalzinho impresso.
O cerco estava fechando.
Brinde musical: Máscara Negra, com Zé Keti.
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