O valor do erro na aprendizagem

Carlos Seabra, no Vermelho

“Em um mundo em constante transformação, explorar o erro como uma oportunidade de aprendizado é essencial para o desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia na educação.”

Em nossa sociedade, de cultura judaico-cristã, o erro é frequentemente sinônimo de “pecado”. E o taylorismo-fordismo da sociedade industrial vê nos erros da linha de montagem um óbice à eficácia da produção. Já a frase “errare humanum est” é atribuída a Sêneca (posteriormente complementada por Santo Agostinho, ao dizer que “errar é humano, mas persistir no erro é diabólico”).

Mas nossa abordagem aqui é sobre o valor do erro nos processos de aprendizagem.

Com o advento da informática, a estocagem de informações em memórias quase infinitas, o processamento de dados em frações de minuto e a impossibilidade, no decurso de uma vida, de acesso à cultura universal são reveladores da impropriedade dos métodos escolares vigentes. O papel dos educadores deve ser repensado e novas estratégias na formação dos aprendentes devem ser previstas, criando ambientes para a formação de sujeitos críticos, dotados de autonomia de aprendizagem.

Num mundo onde a informação e o conhecimento são, cada vez mais, a principal fonte de transformações da sociedade, torna-se obrigatório usar as novas tecnologias também na educação. Não basta, como no modelo vigente até hoje na educação, que os alunos simplesmente se lembrem das informações: eles precisam ter a habilidade e o desejo de utilizá-las, precisam saber relacioná-las, sintetizá-las, analisá-las e avaliá-las. Juntos, estes elementos constituem o que se pode chamar de pensamento crítico. Este aparece em cada sala de aula quando os alunos se esforçam para ir além de respostas simples, quando desafiam ideias e conclusões, quando procuram unir eventos não relacionados dentro de um entendimento coerente do mundo. Mas sua aplicação mais importante está fora da sala de aula – e é para lá que a escola deve voltar seu esforço. A habilidade de pensar criticamente pouco valor tem se não for exercitada no dia-a-dia das situações da vida real. É aí que trabalhar de formas inovadoras o “erro” tem seu papel, fornecendo o cenário para interessantes aventuras cognitivas do intelecto. (+398 palavras, Vermelho)

Como canta aquela música do Toquinho: “A vida irá, você vai ver / Aos poucos te ensinando / Que o certo você vai saber / Errando, errando, errando”.

Carlos Seabra édiretor da Oficina Digital, criador de jogos de tabuleiro e digitais, autor de livros de literatura infantil e juvenil. Editor de publicações e produtor de conteúdos culturais e educacionais de multimídia e internet, palestrante, consultor e coordenador de projetos culturais e de tecnologia educacional.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo e da Engenharia pela Democracia, conselheiro da Casa do Povo, Sinal, CNTU e Aguaviva, membro do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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