A pregação do idealismo de que a matéria é mero reflexo da mente ajudou a encerrar milhões de vidas prematuramente na última pandemia, pelo atraso da vacina preventiva ao vírus. É saudável refletir sobre as narrativas, que hoje compõem a base do negacionismo, para que a verdade possa ser de conhecimento geral da espécie consciente, já que seus efeitos se manifestam independentemente da percepção que o indivíduo tem das coisas.
Como há bom tempo explicou Karl Marx, “para Hegel, o processo de pensamento, que ele, sob o nome de ideia, transforma num sujeito autônomo, é o demiurgo do real, real que constitui apenas a sua manifestação externa. Para mim, pelo contrário, o ideal não é nada mais que o material, transposto e traduzido na cabeça do homem”.

Robert Shiller, laureado com o Prêmio Nobel de Ciência Econômica em 2013, é pesquisador e divulgador da Economia Comportamental. Em janeiro de 2017, logo após a vitória da narrativa populista de direita na eleição para presidente dos Estados Unidos, publicou um texto com muita repercussão entre interessados em sua linha de pesquisa.
Intitulado Economia Narrativa, parte do princípio de o cérebro humano ser altamente sintonizado com narrativas, sejam factuais ou não, para justificar ações em andamento, mesmo ações econômicas básicas como gastar e investir. As estórias motivam e conectam atividades a valores e sentimentos de necessidades. Elas “viralizam” e espalham-se em redes sociais pelo mundo. Têm impacto econômico.
Shiller entende a Economia Narrativa como o estudo da disseminação dinâmica das narrativas populares, particularmente, aquelas de interesse e emoção humana. Mostra como elas mudam ao longo do tempo e propiciam entender as flutuações econômicas.
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