Veio à tona há alguns dias um projeto do governo Bolsonaro, vazado à imprensa pelo ministro da Economia, de mudança de regra no reajuste do salário mínimo e, por consequência, das aposentadorias. O que diria sobre ele o famoso personagem de Chico Anísio, “Professor Raimundo”?
A ideia de Paulo Guedes – não é preciso ser telepata para saber o que passa pela cabeça do ultraliberal banqueiro dos Pandora Papers – é fácil de entender: em vez de repor a inflação medida pelo IPCA ao piso salarial brasileiro, o índice a ser usado seria a expectativa de inflação, ou seja, o centro da meta que ele, com seus dois votos, e o presidente do Banco Central determinarem, no Conselho Monetário Nacional, para que a autoridade monetária gaste os tubos em juros para tentar realizar.
Só para ficar em um exemplo recente: em 2021 a inflação foi de 10% ante uma meta de 3,5%. Em um salário de R$ 2.000,00, a regra de Guedes ampliaria o valor em R$ 70,00, quando hoje a simples correção inflacionária levaria o valor para R$ 2.200,00.
Em termos percentuais, a perda do poder de compra seria de aproximadamente 6%. Em apenas um ano.
Quando em 2018 o então candidato a presidente da República João Goulart Filho falava em “dobrar os salários”, gente houve que não acreditasse ser possível, da mesma forma que no início dos anos 1960 certos inimigos do trabalho diziam que o “13º salário iria quebrar o Brasil”.
Um amigo capitalista disse uma vez que “não basta pegar os tubarões, é preciso pegar também todas as sardinhas”. Olho vivo nos assaltantes do bolso do povo.