À Casa do Povo e ao Povo da Casa: pela restauração do Teatro de Arte Israelita Brasileiro – TAIB

Nos dirigimos aos que têm tornado a Casa do Povo um centro vivo de atividades e criação artística e cultural da cidade de São Paulo, aos que se associam e frequentam o Instituto Cultural Israelita Brasileiro e que são carinhosamente denominados de Povo da Casa, para saudar o conjunto de suas iniciativas.
Fazemos isso no momento em que se aproximam eleições que se colocam entre as mais importantes da história do nosso país, quando os brasileiros e brasileiras terão a oportunidade de escolher o apoio às forças democráticas e de salvação nacional e assim se desvencilhar do perigo de mergulho nas trevas do atraso, da ignorância, do genocídio – como vimos no morticínio causado pelo negacionismo da ciência durante a pandemia da Covid-19 – e da truculência verbalizada na negação do próprio resultado a sair das urnas em outubro.
Fazemos isso quando os mais diversos setores da sociedade brasileira se mobilizam para repudiar as manifestações golpistas e autoritárias expressas por diversas vezes nestes últimos anos de retrocesso de cortes e negação da cultura, da ciência e da tecnologia; se mobilizam em defesa da democracia e do respeito à nossa Constituição e instituições que as garantem.
É neste momento com essa importância em termos decisórios de nosso destino enquanto sociedade livre, democrática e que aspire, a um só tempo, por ser integrada e diversificada, que manifestamos nosso reconhecimento e admiração pelo trabalho intenso de recuperação à qual se dedicaram nos últimos anos os que fazem a renovada Casa do Povo.
Como sabemos, a restauração da Casa do Povo é uma obra em andamento e da maior relevância, exatamente em uma hora na qual atitudes estranhas ao nosso convívio social, a exemplo da aproximação a ideias e termos nazifascistas, nos voltam a ameaçar, basta para isso ler com atenção os dizeres da placa afixada nas imediações da entrada da Casa do Povo e do – agora em obras – TAIB.
É, portanto, também por nos servir – enquanto memória viva – de alerta a nos lembrar o quão fundo nas trevas pode mergulhar a barbárie, uma obra que não será completa sem a restauração e colocação em plena atividade – como local vivo de ensaios, debates, espetáculos e experimentos – do Teatro de Arte Israelita Brasileiro, o TAIB, construído originalmente para preservar a cultura judaica recebida da Europa e que depois abrigou alguns dos nossos maiores dramaturgos e atores – passando por Vianinha, Augusto Boal, Plínio Marcos e Gianfrancesco Guarnieri, entre tantos outros –, que fizeram exatamente do TAIB um dos maiores polos de resistência popular e democrática no período ditatorial do qual nos libertamos e nos negamos a retornar.
É em reconhecimento a tudo isso e numa clara referência ao momento que o nosso país vive, de riscos e, ao mesmo tempo, de grandes oportunidades de renovação, que eu, Mariana Moura, integrante do movimento Cientistas Engajados, entidade que se formou em meio à resistência ao negacionismo à ciência infelizmente agora vigente no poder central de nosso país, candidata a deputada estadual e eu, deputado federal Orlando Silva, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e candidato à reeleição, apoiamos a causa de restauração do TAIB e de tudo que sua história e trajetória significam e, se eleitos, nos comprometemos a fazer de nossos mandatos um forte ponto de apoio a essa Casa.
Dra. Mariana Moura
Exmo. Sr. Orlando SIlva
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal