José Luis Oreiro, Revista Política Democrática, 11.2021
Há alguns dias, estimamos a despesa líquida com juros, já descontado o tributo de 15%, cobrado direta e exclusivamente na fonte, na ordem de R$ 360 bilhões anuais, quase a combinação dos salários dos funcionários do Executivo federal com o aporte do governo aos regimes de previdência social – aquele que excede às contribuições de trabalhadores e empregadores, tudo isso descontado da carga tributária sobre o consumo e a renda.
O aporte adicional no tenebroso cenário de “normalização monetária” talvez esteja sobre base diferente, mas é bastante provável que signifique uma renda extra aos rentistas bem superior a 50% neste ano.
Há quem reclame dos gastos do governo, que estão acima da arrecadação e que podem virar novos impostos. Mas este diminuto séquito de aproveitadores das sobras da concentração monetária não consideram tributar as grandes fortunas e heranças de seus patrões.
José Luis Oreiro*
Link: https://www.fundacaoastrojildo.org.br/rpd-jose-luis-oreiro-o-retorno-do-rentismo-no-brasil/

A eliminação da alta inflação no Brasil a partir da implementação do Plano Real durante o governo Itamar Franco teve como efeito colateral a persistência de patamares extremamente elevados para a taxa real de juros de curto-prazo, a taxa Selic. Durante o primeiro mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso creditava-se essa persistência a adoção de um regime de bandas cambiais deslizantes, no qual o Banco Central do Brasil definia um “teto” e um “piso” para a taxa nominal de câmbio, definindo ex-ante o ritmo de depreciação de ambos de maneira a produzir uma desvalorização controlada da taxa de câmbio, ao mesmo tempo que se permitia que, no intervalo da banda cambial, a taxa de câmbio pudesse flutuar “livremente” com base nas condições de oferta e demanda de moeda estrangeira.
Durante a vigência desse regime cambial, a taxa Selic real média…
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