Atílio Boron
Como diz o ditado, não há mal que nunca se acabe. Por decisão mutltitudinária, a Constituição chilena vai ser reescrita, apagando os resquícios dos tempos do fascismo.
Não é demais lembrar que o ministro Guedes começou sua carreira ultraliberal por lá, acabando com a previdência, a assistência e saúde públicas no país e resultando na nefasta liderança de suicídios entre idosos pela população chilena.Se lá reescrevem a Carta Magna a milhões de mãos chilenas, por aqui nos cabe impedir que linhas da nossa sejam apagadas por capitães messias que mais lembram um Pinochet do que a beleza de Violeta Parra e Victor Jara, cujo canto hoje e sempre é entoado ao largo de toda a costa do Pacífico.
O Chile enfrentou um desafio histórico neste domingo (25) em razão do ineditismo: seu povo foi consultado pela primeira na história se queriam ou não uma nova Constituição e, se a resposta afirmativa fosse a maioria, que tipo de órgão deveria estar no comando para redigir a nova Carta Magna.Havia duas alternativas: ou uma “Convenção Constitucional” composta por 155 pessoas eleitas exclusivamente para esse fim e que uma vez concluído o processo deveria ser dissolvida ou, caso contrário, uma “Convenção Mista” composta por 172 membros, 50 por cento dos quais parlamentares e os restantes 50 por cento por cidadãos eleitos também para este fim.
Essa consulta não foi uma concessão graciosa da casta política pós-Pinochet, mas sim o corolário de um longo processo de lutas populares que atingiu seu apogeu nos dias que ocorreram a partir de 18 de outubro de 2019. Eles destruíram a fantasiosa imagem do “modelo chileno”, aquele paradigma supostamente…
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