Lembramos da antiga música do Roberto para tratar de curvas não na estrada, mas na própria cidade praiana.


As cores da Ilha Encantada também apresentam seus contrastes.


É claro que o novo acesso entre o Centro e a Zona Noroeste é obra imprescindível e facilitará a mobilidade das pessoas entre os dois pólos da cidade. Mas o esforço necessário para resolver a carência habitacional e sanitária do grande contingente de santistas da “outra foto” não pode se bastar na locomoção.
Notícias d’A Tribuna de 19 de agosto dão conta da liberação apenas parcial de verba federal para combater alguns dos riscos de desabamento de encostas que os santistas correm, que vitimaram muitas pessoas nas chuvas de março.
Mas o problema fundiário não se resume a poucas unidades habitacionais subnormais. Estima-se que, no mínimo, a cidade precisa de 10 mil moradias para que todos os santistas tenha um lar para chamar de seu, com segurança, sanidade e conforto adequados. Um investimento de R$ 2 trilhões, talvez.
Diante da orla santista repousa petróleo capaz de dobrar os royalties pagos às cidades litorâneas paulistas. Se a nova distribuição corrigir um pouco a distorção entre os habitantes caiçaras, sem mexer em nada do que há hoje – Santos recebe cinco reais por habitantes, ante doze mil na Ilhabela -, dá para financiar um projeto habitacional completo em dez anos.
Mas essa não é a única fonte de recursos: Desde o século passado, o ICMS foi incrementado em 1% para financiar a construção de imóveis residenciais. Se o Estado distribuir os recursos com Justiça, também em dez anos pode financiar uma obra desse porte, sem prejudicar outros municípios.
A combinação dos dois fatores, como é simples imaginar, permitirá reduzir o prazo à metade.
Ambas as fontes de recurso dependem de luta parlamentar e administrativa, para estabelecer novas conquistas financeiras para a cidade. Mas o início da busca junto ao Estado e à União do que é de direito pode ajudar a obter financiamento que antecipe o cronograma.

Já havíamos concluído esta matéria quando as fortes chuvas que abriram o Dia Nacional da Habitação permitiram a foto ao lado, em montagem do PDT. Por um lado, trouxe belo efeito artístico. Por outro, evidenciou a incompletude da obra urbana.