Viagem à Polônia (VIII)

José Aron Sendacz, julho e agosto de 1954

Pela manhã fomos visitar a grande fábrica de automóveis “Geran” em Praga (NT: subúrbio de Varsóvia). Essa fábrica produzirá no próximo ano, 25 mil carros de passageiros, o que é mais do que toda a Polônia possuía em 1948.

Além dessa fábrica de carros de passeio, a Polônia anteriormente possuía uma fábrica de caminhões e tratores perto de Lublin.

FSO Warszawa

Nesse mesmo dia, às 16 horas, fomos recepcionados pelo Primeiro Ministro Cyrankiewicz, com a presença do Ministro do Exterior Czewecki e outros membros do governo e do Partido. Esse cocktail foi muito agradável.

Domingo pela manhã fomos visitar “Jelasowa Wola”, a aldeia onde nasceu Chopin. Jelasowa Wola encontra-se a 50 km de Varsóvia.

A casa onde viveu Chopin está dentro de um imenso parque, que contém acima de 150 tipos diferentes de plantas e é hoje um museu, que está aberto a visitação todos os domingos. De hora em hora é realizado um concerto de 15 minutos e nos intervalos visita-se o museu. A visitação é muito grande. A diretora nos informou que há domingos em que passam pelo museu 4 mil pessoas.

Quando estive na siderúrgica Nowa Huta, andando entre as gigantescas máquinas e alavancas, observando o movimento, meu acompanhante, um jovem engenheiro judeu de nome Prager, chamou-me a atenção para dois homens que estavam parados numa encruzilhada conversando. Um trazia no ombro uma caixa com garrafas vazias e o outro, com o paletó jogado nos ombros, o segurava pelo braço sorrindo durante a conversa:

– “Você vê aquelas duas pessoas? – perguntou-me – e você quer saber o segredo das nossas grandes realizações em todos os âmbitos? Aquele com o caixote nos ombros é um simples operário que distribui água nos quiosques da siderúrgica e o outro é o diretor superintendente da mesma. Essa relação de camaradagem de homem para homem, não importando qual sua função, e a convicção de que ambos executam funções para o bem estar do povo e do país, esse é o segredo de todas nossas vitórias e a causa principal de nossas realizações.”

Fiquei mais convencido dessa verdade, quando ao visitar Jelasowa Wola, vi ao meu lado o Presidente da República Popular da Polônia, Alecsander Zawadzki que, acompanhado por sua mulher e filha, admirava os objetos e documentos pertencentes ao maior músico polonês, sem polícia, sem guarda-costas, sem nenhuma proteção especial, este antigo mineiro de carvão andava entre o povo e, quando muito admirado eu comentei isso com o chefe de minha delegação, ele apenas concordou com um movimento de cabeça, “sim, esse é o camarada Zawadzki, nosso presidente”.

Zawadzki foi presidente de 1952 a 1964

Domingo à tarde tivemos uma despedida na Casa do Jornalista, com a presença de representantes da imprensa e do rádio.

Segunda-feira, em Varsóvia, visitamos um museu de Arte Popular. Fui também à redação e à Sociedade de Cultura e Editora do Livro Judaico, onde passei algumas horas me despedindo dos amigos e companheiros.

À noite fui ao Teatro Polonês onde assisti à peça “Esses Tempos”, uma sátira sobre a vida atual.

Tendo terminado a parte oficial de minha visita, aproveitei o tempo que me restava para conhecer mais de perto a vida sócio-cultural judaica na Polônia.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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