A contribuição de Friedrich Engels à ciência e à Humanidade

Sua condição peculiar, fortemente influenciada pelos ventos da Revolução Francesa que ecoavam na região em que nasceu, lhe permitiu ir à Bremen, onde seu pai tinha uma fábrica, e depois a Berlim, para o serviço militar, enquanto estudava, conhecia os jovens revolucionários alemães e escrevia sob pseudônimo.

Foi, no entanto, o contato com Hess, editor da Gazeta Renana, que Engels decidiu rumar para a Inglaterra. A família também tinha indústria em Manchester e era lá que previa eclodir a revolução que romperia o regime exploração do homem pelo homem.

Ao esboçar sua “Crítica à Economia Política”, publicada por Marx em 1944, surge uma amizade para toda vida entre ambos. Participam da fundação da Liga Comunista em 1947, inspirada em documento de Engels, que no ano seguinte Marx deu forma pública como o Manifesto Comunista.

Além de escrever vários dos artigos que Marx públicou na imprensa, coube ao “segundo violino”, como mui modestamente se autointitulou, organizar a obra-prima O Capital, a partir do seu segundo livro.

A contribuição de Engels às ciências sociais foi extensa: à Sociologia, retratou a vida da classe operário na Inglaterra, nos tempos da acumlação primitiva do capital, e sua separação urbana da burguesia, bem como associou as religiões existentes à época às correspondentes classes sociais; ao Direito, desenvolveu a teoria do socialismo político, explicando que a luta diuturna não substitui a necessária mudança social rumo ao comunismo; à Ecologia, estudou questões da poluição do ar e dos rios e os prejuízos que causavam à classe operária.

Na esfera política, após duas décadas dedicadas à direção da fábrica da família, em 1870 Engels aposenta-se para ajudar a construir a 1ª Internacional, que durou dois anos, servindo depois de consultor aos partidos revolucionários da Europa, especialmente após o falecimento de Marx em 1883. No centenário da Revolução Francesa propôs uma nova tomada de poder, desta vez com os proletários sucedendo os burgueses, da mesma forma que estes sucederam os feudais em 1789.

No final de sua vida, 1895, orientou a fundação da 2ª Internacional, em condições distintas das de 1848, propondo o fortalecimento do Partido a partir do acúmulo eleitoral para que depois as massas operárias tomassem as ruas e o poder, alertando que a burguesia reagiria ao crescimento do movimento, como muito depois se viu no Chile de Allende. Os revisionistas, como Bernstein, que assumiram a direção aproveitaram somente a primeira parte de tese e acabaram, inclusive, apoiando a entrada da Alemanha na primeira guerra mundial. Mas outros, como Rosa Luxemburgo e Lênin o seguiram, escrevendo novas e belas páginas na história humana, a partir do legado de Engels e Marx.