O “membro nº 1083” da Ordem dos Economistas portuguesa, Jorge Fonseca de Almeida, explica em poucos parágrafos o porquê da importância de políticas públicas protecionistas nos dias de hoje.
O que lhe preocupa sobre o seu país vale para o Brasil, exceto o risco BRICS, cuja sigla se inicia pelo integrante sulamericano. A íntegra pode ser conferida na página da Ordem.
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O Le Monde anuncia que o governo francês, do Presidente Emmanuel Macron, um político liberal de centro-direita, vai opor-se à venda da sociedade Segault à empresa norte-americana Flowserve Corporation.
Que razão está por trás desta decisão política? Trata-se de uma grande empresa? De uma multinacional? De uma empresa chave na economia francesa? A resposta a todas estas perguntas é não. Na verdade estamos em presença de uma pequena empresa que emprega menos de 100 trabalhadores, sediada na pequena localidade de Mennecy, um concelho com menos de 20.000 habitantes.
A Segault produz torneiras. Mas são torneiras especiais usadas nas caldeiras dos submarinos nucleares e nas centrais nucleares francesas. A decisão baseia-se, pois, em dois motivos: a segurança nacional e a necessidade de manter secreta a tecnologia.
A segurança nacional pressupõe que estas torneiras não sejam importadas mas, antes, fabricadas em solo francês. Para evitar vulnerabilidades. Para evitar sanções impostas por terceiros à sua venda à França.
[…]
Num momento como este Portugal encontra-se excessivamente vulnerável. A sua economia é demasiado aberta. As principais empresas que atuam em Portugal são estrangeiras. O abastecimento estratégico do nosso país não é assegurado por produção nacional em solo português. Dependemos excessivamente de importações.
Torna-se urgente uma nova estratégia nacional, que trace um rumo adequado para esta nova fase histórica que se esta a desenhar no quadro das relações internacionais. Um plano que conjugue essencialmente a vertente económica com a segurança e a independência estratégica do nosso país.” (+221 palavras, Ordem dos Economistas)
Um comentário em “O fim do liberalismo”