In memorian de Selene Sendacz, colonista
Segundas Intenções traz semanalmente temas correlacionados à vida judaica no Brasil e mundo afora.
Em 7 de Novembro de 2022 o programa foi dedicado aos 70 anos da Kinderland (Terra das Crianças, em tradução livre), colônia de férias que eu fui, meus irmãos foram e minha saudosa sobrinha Selene também.
Colonista pioneiro, Raul Guelman contou que as senhoras que, na guerra, organizavam solidariedade aos órfãos na Europa, voltaram-se a organizar as férias infantis na comunidade, para preencher a lacuna de tempo das crianças cujos pais trabalhavam.
Na região cafeeira fluminense fica Sacra Família do Tinguá, onde sobre um terreno foi construída a Kinderland, com dormitórios, refeitório, ambulatório e uma varanda para as atividades noturnas. Para chegar lá, trem e ônibus por sinuosa estrada, a viagem por si era uma aventura. Até para ir às piscinas, as organizadoras contratavam um caminhão.
Os dirigentes Daniel Levy de Alvarenga e Luiz Adolfo Dabkiewicz, o Leco, deram números e finalidade à obra que até hoje perdura com base no voluntariado. Em 70 anos foram 10 mil colonistas e monitores que por lá passaram, vindos do Rio, Niterói, São Paulo e outras cidades brasileiras. Entre eles, o humorista Bussunda, do Casseta&Planeta.
Instituição educacional não formal, a colônia é um ambiente coletivo em que os jovens, sem a mediação dos pais, convivem, debatem e, principalmente, respeitam a diversidade de ideias e os colegas que lá estão.
Colonistas de várias gerações contaram os seus “causos”: matrimônios que lá tiveram origem, filhos que lhes seguiram a trilha, inclusive como voluntários, venda de livros para que os que não tivessem recursos pudessem igualmente frequentar.

A inesquecível Selene Sendacz, no foto com seu pai Horácio, também colonista, esteve conosco por 16 anos, até 1990. Kindeland foi uma das passagens marcantes de sua breve mas intensa vida entre nós.
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