Elias Jabbour
Mais que assertivas, Jabbour propõe dilemas que desafiam não só os cientistas de verve marxista, quando o assunto é China e seu desenvolvimento econômico e social tão rápido quanto único. Em quarenta anos a produtividade do trabalho multiplicou-se várias vezes, com uma distribuição social dos ganhos daí advindos sem paralelo no mundo ocidental.
Não por menos que o PIB chinês cresceu de um total menor que o brasileiro em 1980 para uma produção individual superior à observada no Brasil de hoje.
O papel do Estado não é o de “produzir mercadorias para troca”, mas o de conduzir as forças produtivas do país ao máximo das potencialidades de seus habitantes e regular as novas relações de produção que lá se estabelecem, no interesse da satisfação das necessidades dos produtores.
Como indica o autor, a “economia do projetamento” explicada por Rangel é apenas um dos elementos visíveis por quem se dispõe a olhar além da muralha e está interessado em conhecer a verdade por trás do prodígio.
Tenho escrito há anos sobre a necessidade de uma nova gama de conceitos, categorias e noções capazes de sintetizar o movimento real gerado por um processo de desenvolvimento rápido e longo, que já dura quatro décadas. Mais recentemente tenho concluído que diante da falência generalizada da financeirização e a pronta capacidade de enfrentamento e superação da pandemia na China, já está passando da hora de os cientistas sociais ocidentais abandonarem caricaturas e observarem com mais afinco e seriedade aquele experimento que pode se condensar na engenharia social mais avançada existente no mundo atual.
Em resumo: decifrar a China é o maior desafio intelectual posto aos intelectuais marxistas na atualidade. Modestamente tenho tentado contribuir com este debate. Na verdade, não quero inventar a roda. Longe disso. Sempre deixo claro que ao menos dois pontos são de fundamental a importância nesta tarefa: 1) o materialismo histórico é o fio condutor que deverá…
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Um comentário em “O maior desafio teórico da atualidade”