Tem uns dias um colega de faculdade, em um grupo da turma nas redes sociais, sugeriu retirar o governo da equação de acomodação dos interesses privados na sociedade, quando falávamos sobre a desindustrialização em marcha no Brasil. Segundo ele, se o Estado não atrapalhasse, as forças produtivas se acomodariam natural e civilizadamente em prazo relativamente rápido. No calor do debate, havia lembrado como modelo de inumanidade o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagazaki, que mudou a geoeconomia global em 1945.
O novo livro de Bruno Paes Manso mostra como o “negócio” miliciano, privado, acomodou-se em parte densamente habitada do território nacional. Fácil ver que foi além. A “ordem” social imposta pelos seus chefes não apenas concorre com a República Democrática de Direito, como também procura dela se apropriar.
Quem resume “A República das Milícias” é o professor doutor Fernando Nogueira da Costa.
Bruno Paes Manso (A República das Milícias: dos Esquadrões da Morte à Era Bolsonaro” (São Paulo: Todavia; 2020. 1ª. edição, 304 páginas) diz: oacesso a fontes atacadistas também fortaleceu, em São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Percebeu os riscos e os custos elevados do varejo das drogas na cidade, apostando todas as fichas na expansão de seus negócios para as fronteiras.
O grupo paulista aproveitou o espaço deixado depois da prisão de Fernandinho Beira-Marem 2001 nasselvas colombianas, pelo Exército do país, junto comintegrantes das Forças Armadas Revolucionárias daColômbia (Farc). Eles forneciam a ele cocaína em troca de armas.
O PCC montou uma ampla rede de distribuição de drogas a partir de uma rede de aliados em presídios brasileiros. Esta história Bruno Paes Manso e a socióloga Camila Nunes Dias contaram no livroA Guerra: A Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil [São…
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