Thiago Andrade

Nesse momento tão delicado da vida nacional, de terreno fértil para o medo, e justificada pressa e angústia, gerados pela pandemia de COVID 19, que já tirou a vida de quase 200 mil brasileiros e brasileiras, é fundamental que os esforços conjuntos dos entes federativos e da sociedade sejam cada vez mais sinérgicos, a despeito das sabotagens deliberadas contra a vida.
Os impasses políticos não podem ser óbices para que o Estado cumpra seu papel constitucional de preservação da vida, da economia e do bem estar social.
Mais do que nunca é preciso espírito público, vocação política e muito diálogo entre todas as forças políticas e sociais para superarmos definitivamente o vírus, o negacionismo e abrirmos uma nova página de promoção e valorização da saúde pública, do serviço público e de seus profissionais, de compromisso com o fortalecimento das instituições e do pacto firmado na Constituição Cidadã de 1988.
O progressivo colapso social, causado pelo desemprego e pelo aumento das pessoas vivendo na linha da extrema pobreza, deve ser objeto de máxima concentração daqueles a quem foi delegado o dever de governar.
As políticas de geração de emprego e renda combinadas com políticas emergenciais de assistência são pilares fundamentais para a retomada da dignidade por milhares de famílias.
Como se vê, vivemos uma crise de muitas dimensões, visíveis para qualquer pessoa com um mínimo de bom senso.
Uma das dimensões dessa crise civilizatória que enfrentamos, menos vista a olho nu mas também urgente e gravíssima, é a erosão gradual da participação democrática da sociedade na vida cidadã, na vida política, em especial nas questões do cotidiano das cidades.
O cosmopolitismo questionável da vida moderna, potencializado pela dinâmica das redes sociais, aumentou o fluxo, a troca de informações e a quantidade de pessoas atingidas, o que é bom e desejável, mas na mesma escala se proliferam as fake news, a intolerância e a violência como método mais usual na lida com a divergência e a diversidade.
O exercício da cidadania plena é a melhor vacina para evitarmos armadilhas e projetarmos uma vida civil mais fraterna, livre e solidária.
Dos múltiplos desafios que se apresentam e se avizinham, também é fundamental que os governos eleitos assumam um compromisso público com o fortalecimento dos espaços institucionais, com lugar próprio nas administrações, para tratar das relações com os sindicatos, as associações de moradores, o movimento estudantil, os clubes de servir, os conselhos municipais de direitos, as coordenadorias de segmentos e com o conjunto da sociedade civil organizada.
Para buscar construir uma gestão moderna e atender o objetivo da eficiência e da transparência, é imperativo que ela seja pautada por uma ética humanista e cidadã. Cidades inteligentes e inovadoras são cidades democráticas, que estimulam a organização da sociedade, amparam suas demandas e impulsionam o protagonismo cidadão.