
Pouco habilidoso nos esportes sobre terra firme, jamais havia me imaginado com rodas e lâminas sob os pés.

Muito do tempo que dediquei à criação de um bom filho foi vivido no Parque paulistano do Ibirapuera, o famoso Ibira. Desde cedo, José Vitor mostrou-se hábil e equilibrado sobre rodas, skate, bicicleta e finalmente patins, inspirado pelos praticantes de esportes que aproveitavam a noite de São Paulo de forma saudável, sob a marquise ou fora dela.
O jovem ganhou da avó um par de tacos de plástico e, ato contínuo, fomos à loja escolher um patim em linha para praticar, ele equipado e eu com os pés no chão. Até que no pico do inverno os 7º de temperatura permitiram convida-lo ao jogo de quatro contra quatro – só sete valentes compareceram ao Ibira naquela gélida noite.

Os anos o levaram ao jogo cotidiano no parque, depois aos treinos em quadra oficial na Portuguesa, junto ao time B adulto, à difícil e as vezes inglória posição de goleiro, ao juvenil do Palmeiras, aos campeonatos estaduais, nacionais e sul-americanos e, finalmente, à seleção brasileira juvenil.
A mim restou a admiração crescente pelo esporte, a modesta capacidade de patinar em linha reta por alguns metros e a integração à delegação técnica que, a convite do presidente federativo Alexandre Capelli, nos permitiu colaborar com o nosso escrete ao mundial de Los Angeles, cujo competente técnico foi Décio Limeira, também titular da camisa 89 da Lusa e da Seleção Brasileira principal.

O oitavo lugar alcançado pelo escrete canarinho sob patins já seria suficiente para encher de orgulho cada brasileiro, a mim muito mais quando fomos defendidos pelo Zé contra a China, na vitoriosa fase classificatória, os Estados Unidos e a Inglaterra. Na sequência, já sem a nossa torcida presencial, os adultos trouxeram a caneca de prata da série B.