Allende vive: sonhos são eternos

Era eu ainda garoto quando a democracia chilena era, em 1973, suprimida a bombas em La Moneda, por aqueles que um dia juraram servir, de armas na mão, a pátria.

O derradeiro discurso de Salvador Allende ao povo que o elegeu presidente, revolucionário das “empanadas” e do vinho, foi de resistência ao golpe organizado desde o estrangeiro. Veja dois trechos, traduzidos em português.

Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.

Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição, que lhes ensinara o general Schneider e reafirmara o comandante Araya, vítimas do mesmo setor social que hoje estará esperando com as mãos livres, reconquistar o poder para seguir defendendo seus lucros e seus privilégios.

Qualquer semelhança com a Carta-testamento de Vargas de duas décadas antes não terá sido mera coincidência.

Em homenagem a Allende, o constituinte estadual gaúcho Selvino Heck escreveu um belo poema. Clique abaixo para ler:

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo e da Engenharia pela Democracia, conselheiro da Casa do Povo, Sinal, CNTU e Aguaviva, membro do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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