Bordados

Merli Diniz

Semana passada estive a confabular com São Jorge, coisa que faço com certa regularidade, não obstante nos últimos dias reiterássemos nossos diálogos, dada a situação delicada do time masculino. Cai não cai, fica não fica, coração insano. E assim se passaram dez rodadas trocando figurinhas e ele me garantindo que sairíamos do rebaixamento e ficaríamos entre os oito primeiros colocados. Como sei que o Corinthians não é para qualquer um e quem sou eu para duvidar da palavra de um santo! Jamais, pois não quero ser excomungada, vou lá saber. Gato é que não sou. Sou é gavião.

Num desses colóquios, levei a maior reprimenda. Fui cobrada veementemente, por não ter ainda escrito sobre as campeãs da Libertadores de 2024, as Brabas do Corinthians. Envergonhada fiquei, pois sabia que nosso santo padroeiro estava coberto de razão e que mesmo sem perceber, havia incorrido no padrão machista, que é de dar relevância ao que os homens fazem, em detrimento à competência das mulheres. E completou: estou de olho em você. Como sei como ele é, para boa entendedora pingo é letra. Calcei a cara, como dizia minha mãe, com as desculpas devidas pelo atraso, não poderia encerrar o ano sem render homenagem às maravilhosas jogadoras do Corinthians, donas do melhor futebol de mulheres.  Presto assim, meu tributo às meninas do Timão, detentoras de grandes feitos. Sempre sensacionais, premiadas por anos consecutivos na COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA. São pentacampeãs. Levantaram a taça por cinco vezes e de forma muito merecida.          

Apesar da pouca importância ainda dada ao futebol feminino, como podemos observar pelos horários dos jogos e os dias em que são realizadas as disputas, no Campeonato Brasileiro, sagraram-se campeãs numa final histórica na Neoquímica Arena, batendo o recorde de público com 44.529 torcedores, o maior para o feminino da América do Sul. E é também, o time que mais vezes foi Campeão Paulista. Bordaram a sua história.

Merecem ou não merecem nossa admiração e respeito por tão grandes feitos, em um país em que as mulheres ainda são consideradas menos capazes que os homens, em qualquer aspecto do nosso cotidiano. E como jogam bem! São a cara do Timão.

E ontem, na premiação do Bola de Prata, arrasaram:  com três títulos em 2024, Supercopa, Brasileirão e CONMEBOL Libertadores, as Brabas conquistaram o maior número de troféus: Tamires, de melhor lateral; Daniela Arias, melhor zagueira; Yayá, de melhor volante; Duda Sampaio e Vic Albuquerque, levaram o prêmio de melhores meias; Gabi Portilho, de melhor atacante.

Salve salve as Brabas e suas Bolas de Prata e por nos alegrarem com suas conquistas!

Missão cumprida.

Não contente, reapareceu a noite passada para se vangloriar, após o Corinthians ter levado a Bola de Prata com Garro, considerado o melhor meio campista e integrante da seleção do Brasileirão. Yuri Alberto pela artilharia do Brasileiro.

O Corinthians desencantou e saímos vencedores em nove jogos consecutivos, feito único no campeonato atual. Ficamos em sétimo lugar!

Isto feito, esporeou seu cavalo e desapareceu no quarto-crescente da noite rio-pretense.

Merli Diniz

Realmente, O Corinthians é só pro bando de loucos.

Dela, também, O Santo Encrenqueiro.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo e da Engenharia pela Democracia, conselheiro da Casa do Povo, Sinal, CNTU e Aguaviva, membro do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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