A guerra civil na França – parte 1

Bismarck e Napoleão III após a Batalha de Serdan

Karl Marx

Engels prefacia a obra em 1891, por ocasião do 20º aniversário da Comuna de Paris, tratando de três aspectos:

  1. A história francesa sob o despótico Napoleão Bonaparte, em que a França experimentou grande crescimento industrial e da especulação financeira mas, vinte anos após a tomada violenta de poder, substituindo nos anos 1850 a república por novo império, só teve saída na guerra franco-prussiana para se manter em destaque;
  2. A unidade nacional pela paz, selada também pela fome que se assomava aos sitiados, e o estabelecimento da Segunda República, sob hegemonia burguesa e sediada em Versalhes que, embora com tintas de democracia, só servia aos interesses da classe dominante; e
  3. A breve, porém gloriosa, Comuna de Paris, expressão da ditadura do proletariado armado, que terminou em banho de sangue sem precedentes, inclusive com acordos dos versalheses com os invasores prussianos para lhes facilitar a aniquilação do novo poder.

Engels não traz a impressão de brevidade do poder proletário provincial. Cita medidas infalíveis e eleição de todos os funcionários públicos, com demissão a qualquer tempo, e a limitação de seus salários ao soldo médio dos operários,

Ele destaca também a hegemonia entre os comunardos dos seguidores de Blanc (maioria) e Proudhon (segunda força). Se o primeiro acreditava na coletivização e o segundo depositava fé na iniciativa privada, as ações concretas naquelas semanas foram o inverso do esperado. Os blanquistas recusavam a união com círculos operários do resto da França, enquanto coube aos proudonianos a tomada das principais medidas econômicas da Comuna de Paris.

Na avaliação de Engels, o principal erro político dos revolucionários foi não tomar o Banco da França que, além de prover os recursos ao novo poder, colocaria a burguesia em confronto com a Segunda República.

Em julho de 1870, sob a pena de Marx, surge o primeiro manifesto da Associação Internacional dos Trabalhadores sobre a guerra franco-prussiana, dirigido às seções europeias e dos EUA.

Ainda que se admita guerra defensiva, a posição dos trabalhadores deveria ser contra qualquer guerra. Muitas seções escreveram seus próprios informes trazendo a público essa mesma posição.

O segundo manifesto da Associação data de setembro de 1870 e trata, centralmente, da segunda república francesa e suas relações com o ocupante alemão.

Preliminarmente, Marx explica como medidas defensivas se converteram em ameaças de agressão francesa contra a Alemanha dividida, e como esta, dividida entre norte e sul, proclamava ser um povo pacífico e seu avanço sobre a Alsácia e Lorena teria caráter defensivo da paz, mesmo com o risco de, a leste, o czarismo tomar conta de si da Europa.

A tarefa operária em ambos os países e também na Inglaterra era pelo reconhecimento e defesa da República francesa, melhor cenário para o crescimento da organização proletária em nível internacional. Mas a burguesia não parecia satisfeita com a organização republicana. É o que se verá no terceiro manifesto, sobre a guerra civil na França propriamente dita.

A segunda parte trata da Comuna de Paris propriamente dita.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo e da Engenharia pela Democracia, conselheiro da Casa do Povo, Sinal, CNTU e Aguaviva, membro do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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