Pensamento nacional-desenvolvimentista

Em tertúlia online, a Fundação Maurício Grabois apresentou sua nova obra, que pode ser adquirida na Editora Anita Garibaldi, que reúne 31 textos de 16 distintos pensadores da nacionalidade, como explicou a coordenadora da cátedra Cláudio Campos, Rosanita Campos.

O presidente da FMG, Renato Rabelo, que prefaciou o livro, abriu o encontro explicando que “os trabalhadores e o povo em geral ainda não reuniram as condições para passar ao socialismo, precisam de um caminho: o novo projeto nacional de desenvolvimento”.

O titular da cátedra, Nilson Araújo de Souza, estabeleceu a importância de resgatar o passado nacional-desenvolvimentista para a construção do futuro. Na primeira metade do século passado, a crise do capitalismo manifestou-se em duas guerras mundiais e a grande depressão de 1929; foi marcada ainda pela ascensão dos EUA, em substituição à hegemonia britânica, e o surgimento do campo socialista.

Após alguns surtos episódicos de industrialização, a partir de 1930 o Estado assumiu papel preponderante no desenvolvimento brasileiro, lembrou o professor. Foi a partir de então que atuou diretamente na economia, proveu financiamento e encomendas à indústria e fortaleceu o mercado interno, com a criação do BNDES e a elevação do salário-mínimo, entre outros.

O processo perdurou até o período ditatorial dos anos 1960/70, quando a estagnação econômica se impôs diante da elevação dos juros e arrocho salarial, para desembocar em um processo de reprimarização e domínio das finanças na economia nacional.

Três outros autores estiveram presentes, além do ex-Deputado Constituinte Aldo Arantes, que resgatou a obra de seu colega Haroldo Lima.

O professor Rubens Sawaya explicou que o processo de construção de uma civilização industrial foi interrompido em 1964 com, primeiro, a crescente dependência externa até, por fim, a entrega completa do Brasil aos capitais transacionais. Segundo ele, a subordinação da criatividade humana à acumulação de capital levou a tecnologia a ampliar desigualdades, ao invés de gerar o esperado conforto na vida de todos.

O diretor da Hora do Povo e psiquiatra Carlos Lopes resgatou o general Werneck Sodré para lembrar que “sem ideologia do desenvolvimento não existe desenvolvimento”; não há modificação da realidade, arrematou. Se até 1930 tudo era importado, o rompimento com a dependência britânica e “a substituição do desenvolvimento desde fora pelo desenvolvimento desde dentro”, cuja mola propulsora seja nacional, levou ao maior crescimento econômico do mundo; já a negação desse princípio conduziu o Brasil à decadência econômica das últimas décadas.

Por fim, o acadêmico Alexandre de Freitas Barbosa, do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, expôs na pessoa de Rômulo Almeida o papel dos intelectuais orgânicos no desenvolvimento nacional havido entre 1945 e 1964, em que o nacionalismo desenvolvimentista se contrapunha ao cosmopolitismo desenvolvimentista de Roberto Campos. A “composição de interesses de classe em um projeto tropical”, bem como a ulterior inversão de comando, mostraram no tempo o que dá bons e maus resultados.

Aldo Arantes, Rosanita Campos, Nilson Araújo, Rubens Sawaia, Alexandre Barbosa, Carlos Lopes e Renato Rabelo

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E, enquanto aguarda o seu exemplar, aproveite o passatempo nacional-desenvolvimentista, que preparamos nas nossas dicas deste fim-de-semana.

Veja as resenhas da Fundação Maurício Grabois e da Hora do Povo.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

31 comentários em “Pensamento nacional-desenvolvimentista

  1. Defender o Projeto de Desenvolvimento Nacional significa defender a classe trabalhadora, as políticas públicas de distribuição da renda nacional, Estado indutor do desenvolvimento, equidade às populações mais vulneráveis, trabalho decente, SUS Forte, Seguridade Social, moradia, desenvolvimento sustentável, respeito aos povos originais e muito mais

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