
Em 1948 o Teatro Municipal de São Paulo teve, por várias semanas, audiência completa para conhecer a primeira montagem da obra de Jacob Rotbaum, apresentada no idioma original, em ídiche.
A peça convoca o teatro a renascer e resgatar a vida, após a devastação da segunda guerra mundial.
A nova montagem do musical, pela Casa do Povo, marca a reinauguração do Teatro de Arte Israelita Brasileiro, o eterno TAIB, destaque do monumento vivo de cultura construído no Bom Retiro paulistano pelo imigrantes do leste europeu, para que o genocídio dos anos quarenta jamais se repita.
Idioma oficioso do pletzale da Correia de Melo, o ídiche é sonoro e cheio de alegria. Segundo o Nobel de Literatura Bashevis Singer, uma língua própria para se falar com os fantasmas, que ajudam Goldfadn a realizar o seu sonho.
A boa notícia é que a maestrina Hugueta Sendacz esteve na plateia original, traduziu ao português os originais que Benjamin Seroussi trouxe novamente do outro lado do oceano e Martha Kiss Perrone está adaptando ao ambiente da Casa e do próprio teatro o texto original. Ela também trouxe as partituras da coleção do autor polonês, que Hugueta associou, de memória, aos personagens da peça encenada por sua mãe Pola Rajnstajn e outros ícones do teatro ídiche em São Paulo.
Reviver o bom passado anima ante os desafios do presente, mesclado com a tradição na nova produção.
Em breve todos nós poderemos ocupar nossos lugares na plateia para, vacinados, reviver o sonho que outrora foi de Goldfadn e pertencerá, de hoje em diante, a todos os brasileiros.
Vida longa e próspera ao TAIB e à Casa do Povo, atores da construção da cósmica cultura do nosso país.
#CulturaÉFeitaPorPessoas
Um comentário em “Um sonho de Goldfadn”