Quadrinhos – parte III

O chicaguense (ou chicagoense) Walter Elias Disney também poderia ter participado, nascido que foi em 1901, da 1ª Exposição Internacional de Quadrinhos, mas não consta que sua obra estivesse lá desenhada.

Desde os anos 1950 suas revistinhas ou gibis, como eram conhecidas as publicações em quadrinhos, inundaram as bancas de jornal brasileiras.

Talvez desde que aprendi o ABC, sentia que algo não combinava nas tramas repetidas à exaustão: ninguém tinha família ou pátria, eram todos sobrinhos de alguém, que mais tarde descobri ser o Tio Sam. Todos, menos o Tio Patinhas, avarento e biliardário, a própria imagem dos titulares da riqueza global, como era ou sonhava ser o próprio Walt Disney.

Não que não houvessem bons valores nas práticas dos escoteiros e beleza na ingênua bondade sem-fim do Pateta. Mas para defender a caixa-forte dos manchas e metralhas, os patetas ganhavam fantasiosos “supepoderes” para, como os recrutas zero de Mort Walker, irem morrer na frente de batalha. Coisa que o esperto investigador de polícia Mickey sempre era preservado.

A Companhia estadunidense que em 2019 faturou USD 70 bilhões mundo afora ingressou no Brasil franqueando seus personagens à Victor Civita, que depois de dez anos no país adquiriu a cidadania brasileira para fundar a Veja e Leia, órgão noticioso reprodutor das notícias de interesse corporativo dos EUA.

A ocupação ideológica da nossa cultura não teria como prosperar sem um personagem “tipicamente” brasileiro. Zé Carioca era sambista e jogador de futebol, mas principalmente malandro e cheio do que veio a ser conhecido como “jeitinho brasileiro”. Também sem pai nem mãe, e sem filhos, talvez tenha malformado muitos jovens quanto ao caráter pouco cidadão que mostraram na vida adulta.

Maurício de Souza

Vim de uma casa sem censura e cheia de quadrinhos. Mesmo sem plena consciência do que rolava, tinha minha predileção pela Turma da Mônica, de Maurício de Souza.

Mas essa turminha merece um capítulo à parte!

Continua

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Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.